Quem é Hillary Clinton?


Do lado do partido republicano Ted Cruz, Rand Paul e Marco Rubio já anunciaram suas candidaturas à pré-eleições presidenciais, restou então aos democratas lançarem seu primeiro nome; o de uma velha conhecida: Hillary Clinton.

Mulher do ex-presidente Bill Clinton e ex-senadora pelo estado de Nova Iorque, Hillary deve se equilibrar entre uma nova política e o atual governo Obama. Seu papel será encontrar um meio termo para aproveitar as vantagens trazidas pela aproximação do atual presidente com as minorias e se afastar das polêmicas agregadas pelos fracassos encontrados em alguns setores.

Qual o seu retrospecto?


Hillary ficou marcada nos últimos anos principalmente pela derrota na primárias democratas em 2008. Apontada como favorito durante boa parte das pré-eleições, ela tomou uma virada de Obama. Apesar disso, não se guardou rancores e indicada pelo partido ela assumiu o posto de Secretária de Estado no primeiro mandato.


No comando da relações exteriores do país ela foi bastante criticada por manter posições pouco firmes em relação aos regimes ditatoriais derrubados durante à Primavera Árabe. Ademais, foi durante questionada acerca do ataque terrorista à embaixada americana em Benghazi, Líbia, na qual, segundo a mídia, Clinton possuía informações vitais para evitar o ataque. Por outro lado, conseguiu recuperar o diálogo com o Paquistão além de defender o direito de homossexuais e mulheres em discurso nas Nações Unidas.

O que ela defende?


Como representante do Partido Democrata, Hillary em diversas vezes se posiciona alguns passos à esquerda, contudo, apoiou a intervenção no Afeganistão em 2001 afim, principalmente, de defender o direito das mulheres vítimas do Talibã. Ela ainda apoiou o envio de tropas ao Iraque, mas anos depois foi contra o presidente Bush e pediu o retorno de uma considerável parte das tropas.

Como já dito, ela indica também defender minorias e quando senadora votou contra a emenda que visava proibir o casamento homossexual.

Como foi seu papel como primeira-dama?


Como mulher de Bill Clinton, durante seu mandato, Hillary foi o maior destaque neste cargo desde Eleanor Roosevelt. Sendo a primeira primeira-dama com pós-graduação e uma carreira de sucesso, ela encabeçou o comando de diversos projetos de saúde e bem-estar público.


Ela ainda foi bastante elogiada por entrar na política; além disso, é frequentemente lembrada pela força com que encarou o possível escândalo sexual de seu marido, Bill Clinton, com a ex-estagiária Monica Lewinsky.

Como é vista pela oposição?


Por ser um nome de força nas eleições, a provável futura candidata democrata já é bastante criticada pela oposição. Segundo o republicano Ted Cruz, ela representaria a "encarnação de corrupção em Washington". Outro pré-candidato, Rand Paul, também a criticou por ter usado seu e-mail pessoal profissionalmente e depois excluído as provas do feito. Ademais, Paul a critica por aceitar doações sauditas para a Fundação Clinton. "Eu diria que, se Hillary Clinton acredita nos direitos das mulheres, ela teria que defender um boicote contra a Arábia Saudita".

É uma candidata relevante?


Extremamente. É o nome democrata mais forte nas primárias e desta vez não existem nomes como o de Obama que possam barrar sua candidatura à presidência. Com quase 60% dos possíveis votos, segundo a RealClearPolitics, Hillary é praticamente incontestável dentro de seu partido. Ela é seguida apenas por duas incógnitas nas primárias: Elizabeth Warren e o atual vice-presidente Joe Biden, cada um com quase 12% e uma dúvida se concorrerão.

Há críticos que a colocam, hoje, como a candidata mais forte para as eleições e afirmam que nem Jeb Bush nem Scott Walker (principais nomes republicanos) poderiam vencê-la. Outros, porém, acham precoce demais alegar com tanta veemência tal palpite.

Entenda o acordo nuclear Irã-Ocidente


Os problemas de aceitação cultural-religiosa no Oriente Médio são datados de centenas de anos, entretanto, a questão se torna mais séria quando armamentos nucleares são envolvidos na disputa. A mistura de tais armas com o ódio e divergências já não deu muito certo em 1945 e quase entraram em colapso durante a Guerra Fria.

Hoje, a questão é outra: a possível criação de um arsenal nuclear pelo Irã, que já ameaçou Israel e não reconhece sua existência. Por outro lado, vemos o lar judeu com armamentos confirmados por algumas partes do governo e a não-assinatura do Tratado de Não-Proliferação de Armamentos Nucleares (TNP) recomendado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Sabendo da confusão que é este tema, entenda melhor a questão:


Por que o Irã construiria uma bomba?


O Irã não simpatiza com o Estado de Israel desde sua criação; afinal é um povo estranho que expulsou e agride muçulmanos em um território (continental) em que estes são maioria. Tendo regente uma República Islâmica (com presença de um líder religioso, o aiatolá, e um do governo, o presidente) e um Estado Judeu a tensão aumenta.

A situação, contudo, hoje é uma das mais tranquilas, haja visto o posicionamento do atual presidente, Hassan Rouhani, que contrasta e muito com o de seu antecessor, o ultra-radical, Mahmoud Ahmadinejad. O ex-presidente em um surto de extremismo já chegou a afirmar que "o holocausto não foi totalmente ruim".

O que o Irã alega?


Rouhani (talvez o presidente mais moderado da história iraniana pós-revolução) afirma que o programa nuclear iraniano (iniciado quando este estava sob influencia americana na década de 70) não possui intenções bélicas. A intenção alegada seria pacífica, a de trabalhar com equipamentos médicos que necessitam de urânio enriquecido.


Apesar disso, seguem sem permitir "visitas de vistoria surpresa" da AIEA, mesmo tendo assinado o TNP, o que torna o processo digno de suspeitas.

O que é o TNP?


Tanto falado nos últimos meses, o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) é um acordo firmado pela comunidade internacional durante a Guerra Fria (após a Crise dos Mísseis) afim de evitar um enorme colapso, freando a produção de armas nucleares.

Deste modo, fica expressamente proibida a produção de novos arsenais tanto para os países que já possuíam anteriormente quanto para os que ainda não possuem. O enriquecimento de urânio, não obstante, é permitido para fins pacíficos, como no de processos medicinais.

É importantíssimo salientar ainda que há nações que não assinaram tal tratado, essas são: a Coréia do Norte, Índia, Paquistão e Israel, que curiosamente critica o Irã e não sofre quaisquer sanções.

Como está se desfechando essa situação?


Em diálogo desde 2013, Irã e o G5+Alemanha (intermediado principalmente entre o Secretário de Estado americano, John Kerry e o Ministro de Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif) parecem enfim estar entrando em um consenso, mesmo que sem a aprovação de Israel que sempre criticou o diálogo.

Teerã não esbarrou no conservadorismo tradicional do país e tem bons diálogos com o ocidente, inclusive com o apoio do aiatolá Khamenei (que sem sua aprovação não teria ocorrido a negociação) e de boa parte da população, que acredita que os acordos melhorarão a situação econômica do país.


Por fim, Rouhani prega que seja um acordo "ganha-ganha", positivo para os dois lados. As expectativas são de que até 30 de junho já haja uma definição que não deve fugir muito das exigências feitas pelos dois lados. Assim, haveria a remoção de boa parte das sanções à Teerã e uma acentuada diminuição do programa nuclear do país.

Me surpreende muito a aceitação e o aberto diálogo do atual presidente iraniano, contrariando todo um retrospecto de agressividade da presidência do país. Me causa estranheza ainda o posicionamento israelense, que obviamente sofre com o medo na hostil região, mas que critica um acordo que visa a paz enquanto ele mesmo produziu armas nucleares com o TNP já vigente. Israel faz questão de não assinar e criticar o Irã, e o pior, não sofre sanções...

Um pouco de tudo [003] - Cuba, o Alemão, Mano Brown e o casal Underwood


O "Um pouco de tudo" é uma coluna que sai toda terça-feira (talvez com alguns atrasos) na qual selecionamos importantes acontecimentos da semana e os tratamos de forma normalmente de forma crítica. A seção costuma ainda indicar ao menos um conteúdo das mídias, como filmes, séries, entrevistas e documentários.

EUA devem pedir saída de Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo


É entendível a inclusão de Cuba na lista dos países apoiadores do terrorismo, afinal, durante a década de 50 e alguns bons anos depois, a ilha sofreu um processo de avanço guerrilheiro intenso e ainda apoiou a movimentação em outras partes do mundo. Vale lembrar, contudo, que já faz um bom tempo que o governo da família Castro não se liga a este tipo de grupo (apesar de ser contestável a relação governo-população) ademais, eles hoje fazem parte de uma coalizão afim de estabelecer a paz entre os guerrilheiros das Farc e a Colômbia. Ou seja, ainda contribuem com a paz.

Apesar de Obama correr contra o tempo para retirar Cuba de tal lista para concretizar novos acordos, devemos considerar que passou da hora (e do ano) da realização de tal ato.


"Alemão será reocupado", anuncia governador do RJ


"Vamos entrar mais forte". Será que Pezão não aprendeu com a morte do menino Eduardo, de 10 anos, que o atual funcionamento das UPPs é ineficaz, hostil e não agrada a comunidade local?

"Para que a UPP dê certo ela precisa estar fundamentada em três pilares: o fim da guerra às drogas, a reforma e valorização da polícia e, o mais importante de tudo, o combate à desigualdade social." sábias palavras do presidente da ONG Rio em Paz, Antônio Carlos Costa em entrevista à Carta Capital, que mostra que os problemas estão em todos os lados e reforça: a culpa não é da polícia, é do Estado que não dá a preparação e capacitação suficiente.

A "treta" performática do coroa Pedro Paulo, o tal "Mano Brown" com a polícia. E, mais uma vez, Eduardo Suplicy, o pateta patético.


Sem entrar no mérito nos atos de Suplicy, acho curiosa a forma como Reinaldo Azevedo critica o vocalista principal do maior grupo de rap do Brasil não apenas pelo seu evidente erro ao dirigir com a CNH vencida e mais de R$10 mil dívidas com o carro acumuladas, mas pela sua profissão.

Mais curioso ainda é ver o colunista parecer ser conivente com a falta de civilidade policial, bem apontada pelo secretário de Direitos Humanos de São Paulo. Ademais, fugindo da competência do autor, é interessante perceber a falta de padrão policial ao tratar um rapper contestador do trabalho da polícia e um artista global, técnico de futebol ou senador.

4ª temporada de "House of Cards" estreia em 2016


A série pela qual me apaixonei nos últimos meses (e terá um post especial aqui no [Rotação] ganhará uma nova temporada, mas apenas em 2016 - possivelmente retratando as eleições presidenciais americanas. Com isso, há tempo hábil suficiente para você assistir as três primeiras e também entrar nesse romance.

Entenda a doação da usina Rio Madeira à Bolívia


Foi de espantar o brasileiro quando noticiado que o Brasil, passando por uma intensa crise energética iria doar uma usina térmica à Bolívia. Como assim, o nosso país, que está precisando de energia irá dar uma usina para os bolivianos? Isso é o que em um primeiro momento pareceu com a leitura superficial ou tendenciosa. A relação, entretanto, é bem mais complexa.

O Brasil realmente doará a tal usina térmica Rio Madeira ao presidente Evo Morales?


Sim, isso é inegável. A princípio será uma concessão por empréstimo de 10 anos renováveis, contudo, é nítido que os gastos de devolução da usina ao Brasil em caso de não-renovação seriam tão altos que não compensaria e ficaria por isso mesmo.

Por que tal ação?


Como se sabe, o Brasil, com um governo dito de esquerda, tem se aproximado de outros países com o mesmo viés político, principalmente quando o assunto é América do Sul. Deste modo, a presidenta Dilma promoveu uma "política de boa vizinhança" com a Venezuela, o Uruguai e, no caso, a Bolívia.


Tal doação foi solicitada pelo presidente Evo Morales em um encontro entre os dois presidentes na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos (Celac) e como "bom vizinho" o governo federal aprovou.

Qual a situação da usina Rio Madeira?


Atualmente, a usina que abasteceu os estados de Rondônia e Acre durante 20 anos não é utilizada, haja visto que está extremamente sucateada e é uma das que produz o megawatt mais caro do país, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sabendo disso, o governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia, fará a doação com uma reforma que custará R$60 milhões (apenas em termo de comparação, o estádio "elefante branco" Mané Garrincha custou absurdos U$830 milhões).

Mas por que não reformá-la para o nosso uso? O que o Brasil ganha com isso?


Promovendo tal política de "boa vizinhança" o Brasil pretende garantir uma boa vontade de Evo. A Bolívia é hoje o maior fornecedor de gás ao Brasil, o qual abastece diversas usinas no país. Sabendo que o preço do metro cúbico tende a aumentar mais uma vez, a presidenta pretende com a "boa ação" ganhar uma redução do preço em troca.


Ademais, está nos planos do Ministério de Minas e Energia construir uma usina hidrelétrica binacional na fronteira entre os dois países, aos moldes do que foi feito com a usina de Itaipu. Tal construção provavelmente abastecerá muito mais famílias do que a sucateada Rio Madeira.

Tal medida seria de extrema utilidade ainda para limpar a imagem brasileira com os vizinhos após o diplomata Eduardo Sabóia facilitar a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina, que se escondia na embaixada brasileira com medo de ser condenado por corrupção.


Agora em minhas palavras, acho importante não fazer o leitor mudar de ideia acerca de tal doação, afinal, uma política de "boa vizinhança" seria mais interessante com países que podem proporcionar mais ao Brasil. O intuito, na verdade, é esclarecer os fatos, haja visto que foram noticiados com extrema parcialidade e com manchetes tendenciosas. Espero ser bem compreendido.

O avanço de Len Pen e da FN


O atentado terrorista ao semanário francês Charlie Hebdo suscitou uma ira francesa que o mundo não via faz tempo. Com teor xenófobo, um enorme grupo foi às ruas pediram quase que uma "cassação" dos estrangeiros, principalmente muçulmanos. A motivação, obviamente, não era só o ataque, mas esse havia sido o estopim. Com um país em crise financeira e elevadas taxas de desemprego, os nativos sentiam que os imigrantes roubavam suas vagas e oportunidades.

Em meio a estes protestos de extrema-direita um nome se sobressaiu: Marine Le Pen. Filha do ex-presidente do partido Frente Nacional, e atual presidenta do mesmo, a advogada, política e candidata à presidência em 2012 começou ser mais falado nas bocas dos mais radicais. Consequentemente, ganhou força política e já é um nome que ameaça a situação e a oposição nas eleições presidenciais de 2017.

Como funcionam as eleições francesas?


O sistema de eleição presidencial da França é bem semelhante ao brasileiro. Movido em dois turno/duas voltas o presidente precisa de mais de 50% para não haver o primeiro turno. Entretanto, as semelhanças param por aí. Com o voto não obrigatório, a participação popular costuma ser de 50%, ou seja uma a cada duas pessoas vota.

Ademais, quando eleito, o presidente é apenas chefe de Estado, uma vez que a França é regida por uma República Parlamentarista. Sabendo disso, o presidente escolherá o primeiro-ministro do país (este chefe de governo) e os demais ministros.

O que defende a Frente Nacional (FN) e Le Pen?


As principais bandeiras levantadas pelo partido são de extrema-direita. Com proposta xenófobas e contra principalmente os árabes oriundos do Magreb, Le Pen torna-se uma ameaça para os partidos mais conservadores. Além de se mostrar contra a imigração, a FN coloca-se contra a utilização do Euro em território francês.


Apesar disso, a atual liderança do partido é menos radical do que a anterior. Jean-Marie Le Pen (pai da atual presidenta) já concorreu às eleições, mas o melhor resultado que conseguiu foi 16,8%. Bom para a comunidade europeia, uma vez que o ex-presidente do partido se mostrou mais adepto da xenofobia sendo considerado altamente antissemita ao afirmar que as câmaras de gás nazistas foram apenas um "detalhe na história".

Para mostrar que a postura é diferente, Le Pen chegou a afastar o legislador Alexandre Gabriac que apareceu em fotos pessoais fazendo saudações nazistas junto à bandeira do extinto partido alemão.

Qual a atual popularidade da FN?


Nas últimas eleições presidenciais, em 2012 Marine Le Pen concorreu, mas foi mera coadjuvante. Com apenas 17% dos votos, Le Pen ficou de fora do segundo turno disputado por Sarkozy e o vencedor Hollande.

A situação parece, contudo, mudar. Segundo a agência francesa de pesquisas Ifop, se as eleições presidenciais ocorressem hoje, a presidenta da Frente Nacional venceria o primeiro turno por 30% havendo necessidade de segundo turno. Surpreendentemente a coligação conservadora de centro-direita, UMP, do ex-presidente Nicolas Sarkozy, ficaria em segundo, enquanto o atual primeiro-ministro, Manuel Valls, ficaria em terceiro concorrendo pelo Partido Socialista.

Há de se considerar, porém, que os números divergem e há pesquisas que chegam a colocar Le Pen em terceiro (mesmo que por uma margem não muito grande) e em caso de segundo turno perderia tanto para Sarkozy quanto para Valls.

Qual a reação popular?


Insatisfeitos com o governo de Hollande, que apesar de esquerda não conseguiu manter o emprego e as boas condições econômicas do país. Além disso, espantou grandes investidores com pesadas taxações sob grandes fortunas. Com isso, poderes alternativos como o da Frente Nacional e da UMP ganharam frente.


Boa parte da população, enfurecida devido ao atentado ao Charlie Hebdo, realmente acredita que esta seja a solução. Tal postura preocupa o atual primeiro-ministro que já se posicionou: "Os resultados da Frente Nacional são extremamente elevados. A FN representa um perigo mortal e pode ganhar as eleições presidenciais".


Por mais que as opiniões divirjam, o que é absolutamente natural, não vejo com bons olhos nenhum tipo de extremismo. A intolerância racional e religiosa não pode ser defendida e o avanço de Len Pen me assusta. O que mais me surpreende é não assustar tanto assim o povo francês.

Do lado de lá: Apresentação

Primeiramente me apresentando aos que não me conhecem, meu nome é Antonio Bordallo, tenho 35 anos e vivo em Tallinn, capital da Estônia  há quase 4 anos. De formação sou graduado em Design de Moda, me especializei em Design Esportivo e vivo por essas bandas por conta da minha esposa, que é daqui.

Nesse e nos próximos posts pretendo mostrar um pouco da conturbada e interessante história e geopolítica daqui, que tem um caráter bem singular, por ter sido república soviética por 40 anos e hoje em dia é considerada uma fronteira da União Européia e da OTAN com a grande e temida Rússia. 

As histórias são muitas, mas atento desde já que as que tratarei aqui serão de um ponto de vista de um brasileiro casado com uma cidadã de origem estoniana, o que pode diferir bastante de um brasileiro casado com uma cidadã estoniana de origem russa. Em ambos os casos, por mais que tentemos, pode ser um pouco difícil ser 100% imparcial; já que você acaba ouvindo mais um ponto de vista da história do que outro. E mesmo quando você convive com os dois lados ao mesmo tempo (no seu ambiente de trabalho e estudo), seu ponto de vista pode acabar completamente bagunçado. Vi, então, que, deste modo, não existe uma verdade absoluta, mas sim versões diferentes de uma mesma história. O que eu posso passar pra vocês são as percepções de um brasileiro vivendo mais proximamente do lado estoniano da História.

Pra começar, um resumo relâmpago da formação da Estônia como nação e identidade local:


Os estonianos são um povo primo (pra não dizer irmão) dos finlandeses (mais sobre isso num outro post) que vivem mais ao sul do Golfo da Finlândia - na pontinha mais ao norte do mar Báltico. Apesar de não terem nada a ver com os outros povos que habitavam essa mesma região (tema pra outro post) eram igualmente camponeses humildes, com uma cultura e língua própria. Viviam eles, contudo, de um modo muito simples, como camponeses sem muita instrução.


Apesar de terem feito parte da Liga Hanseática, um grupo de cidades que floresceram nos idos de 1200 com um intenso comercio entre elas no Norte da Europa (e Tallinn era meio que o ponto final dessa linha) historicamente os estonianos foram dominados por diferentes impérios em diferentes momentos, a mencionar os impérios da Dinamarca, Suécia (este último que fez muitas benfeitorias à nação, como a criação da Universidade de Tartu) e Rússia. Em meados do século XIX, apesar disso, com uma certa influência germânica, que não só organizou a língua estoniana como gramática, mas ajudou a desenvolver um sentimento de nação ao povo estoniano, que fez surgir o "Despertar Estoniano". Movimento o qual foi se desenvolvendo lentamente e em dado momento acabou aproveitando a bagunça que acontecia na sede do Império Russo que a dominava, por conta da Revolução Bolchevique, pra declarar a Independência da Estônia em 1918, sendo reconhecida apenas em 1920.

Depois disso a Estônia viveu um momento de grande evolução, finalmente podendo caminhar com suas próprias pernas, e nessa época se tornou um país bastante desenvolvido, mais até do que a Finlândia naquele momento. Até que em 1939 Stalin fez um acordo com Hitler, dividindo a Europa, e a Estônia  estava na área de influência dos soviéticos*. Tempos depois, mesmo alertado por seus espiões, Stalin foi traído por Hitler e aí sim entrou na Guerra contra ele, e após a vitoria não só manteve seus domínios como expandiu sua área de influencia até a Alemanha Oriental.

Com o surgimento da Perestroika nos anos 80, a Estônia foi uma das primeiras repúblicas soviéticas a aproveitar a permissão de livre iniciativa. Além disso, dispunham de uma boa vantagem competitiva, uma vez que o povo Estoniano era disciplinado e trabalhador como seus irmãos finlandeses e também sabiam de absolutamente tudo que se passava do lado de lá da Cortina de Ferro. Isso devido à mínima distancia da Estônia com a Finlândia (80 km de uma capital à outra), todas estações de rádio e TV finlandesas pegavam tranquilamente na Estônia.


Em 1991, mais uma vez aproveitando-se de uma confusão na capital Russa, os países bálticos proclamaram sua re-independência. Desde então a Estônia evoluiu bastante econômica e socialmente. Vale destacar ainda que, passou a se sentir mais protegida de possíveis ameaças advindas da Rússia ao fazer parte da OTAN em 2004 e alcançou todo um novo status nesse mesmo ano quando passou a fazer parte da União Européia.

Em 2011 entrou para a Zona do Euro, substituindo a antiga moeda, a Coroa Estoniana (Eesti Kroon).

Assim, terminamos esse post introdutório sobre a Estônia. Se gostaram desse, aguardem o próximo, pois tem muito mais de onde esse veio!




*= Apesar de esperada, até hoje o governo da Rússia não pediu desculpas formais pela invasão e anexação dos países que fizeram parte da União Soviética. Um dos motivos alegados, e usados como argumento por todos com sua ideologia mais alinhada à visão de Moscou, foi que a presença soviética foi clamada pela população desses países, e legitimada através de eleições "democráticas" realizadas nesses países pelo próprio governo soviético.

Um pouco de tudo [002] - Maioridade penal, avião, educação, Obama


Desvirtuando um pouco do que foi o primeiro post da coluna (que abordou exclusivamente a reeleição do Likud) esta segunda edição pega as raízes do que era pra ser o "Um pouco de tudo". Abordando os temas que rodaram os jornais durante a semana, a ideia é expôr os fatos de forma um pouco mais crítica, diferente do que é feito no dia a dia. Assim, com um título mais abstrato e com as palavras chave, confira o número 002:

Câmara abre caminho para a redução da maioridade penal

É de extrema preocupação ver esse movimento de extrema direita amadurecer forte no Brasil. O problema não é estar colocado à direita ou à esquerda, mas usar de argumentos radicais. A redução da maioridade penal de 18 para 16 anos é contestada por políticos de partidos ditos de esquerda e alegada como "inconstitucional". 

Não gostaria de entrar no mérito jurídico, então, mantendo na área social, é evidente que se tal medida for encarada com admissilibdade (que não fere a constituição e, portanto, pode ser votada em plenário para sua implementação) o problema do envolvimento de crianças no crime não será resolvido. Os menores infratores não devem ser vistos como malfeitores, mas como vítimas, uma vez que enquanto crianças sofrem com a violência local, familiar e até mesmo policial. Ademais, muitos não possuem vagas em escolas e afim de ajudar a manter a família optam pelo caminho errado em um período da vida em que o "certo e o errado" não está muito distinguível.

Germanwings Co-Pilot Was Once Treated for Suicidal Tendencies

É lamentável saber da morte de mais de 150 pessoas na queda do voo comercial que saia de Barcelona rumo à Dusseldorf. A aeronave se chocou com uma montanha na França e aparentemente tal ação foi deliberada. O co-piloto possuía diagnósticos de tendências suicidas e perturbações psicológicas, porém, mesmo assim conseguiu tirar a licença para pilotar.

Além de lamentar, cabe refletir acerca do despreparo dos órgãos responsáveis e perceber que as instituições europeias não são as mil maravilhas que boa parte dos brasileiros pensam.

Novo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro ensinou ética na USP

Alegra-me ver um professor e filósofo em um dos ministérios mais importantes do governo, afinal, precisa-se de nomes com experiência prática e não somente teórica. Cid Gomes não agradou nem a situação nem o público com suas declarações quando governador do Ceará. Agora, o novo ministro parece fazer o povo abrir ao menos um leve sorriso, pena ser um nome de baixíssima força política e de contestação dentro do governo.

President Obama Speaks with VICE News

É incrível ver a forma como a VICE (um veículo jornalístico independente e diversificado) conseguiu crescer. A mais recente grande empreitada dos jornalistas espalhados ao redor do mundo foi interagir de perto com seus leitores/seguidores ao ponto de levar perguntas de interesse popular ao presidente Barack Obama. A entrevista foge do clichê e sem pudores pergunta sobre temas polêmicos e que circundam a mídia. Infelizmente não há legendas em português, mas com legendas em inglês é possível pegar o conteúdo. Vale a pena assistir.

A Revolução dos Cravos, por Chico Buarque


O cantor Chico Buarque sempre foi conhecido por ser politizado e ter um forte vínculo com pensadores de esquerda. Na década de 70, quando mais novo, confrontou a ditadura militar do Brasil com músicas perspicazes afim de burlar a censura e mostrar sua insatisfação. Entretanto, a ditadura brasileira não foi a única criticada pelo músico; fortemente ligado a suas raízes portuguesas, Chico escreveu uma música afim de comemorar o fim da ditadura militar em Portugal.

A música "Tanto Mar" trata o período vivido por Portugal em duas fases e por isso é encontrada normalmente em duas versões. A primeira é uma celebração de Chico Buarque à Revolução dos Cravos (ocorrida em 25 de abril de 1974, na qual militares de média e baixa patente com tendências de esquerda derrubaram o governo ditatorial de António de Oliveira Salazar). Nesta versão, Chico lamenta, contudo, sua falta ("Fico contente/enquanto estou ausente guarda um cravo para mim/eu queria estar na festa, pá").

Na segunda versão, por outro lado, Chico, relembra com saudosismo da revolução ("Foi bonita a festa pá/fiquei contente/ainda guardo, renitente, um velho cravo para mim") e lamenta o fim do período revolucionário ("Já murcharam tua festa, pá"). Não obstante, destaca que apesar de tudo, Portugal mudou e por isso ainda haveria "uma semente nalgum canto de jardim" pronta para gerar novos tempos.

É importante ainda destacar, que ambas as músicas foram censuradas no Brasil e em Portugal, haja visto a subversão em relação à ditadura. Pelo lado musical, vale acrescentar que Chico mistura a Música Popular Brasileira com o fado português, além de citar o poeta português Fernando Pessoa ("Sei também quanto é preciso, pá/Navegar, navegar" - em referência ao famoso "Navegar é preciso").

Veja a ótima montagem (feita por Helena Romero) com uma pequena explicação do período e as duas versões da música (com letras) para se comparar:

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